domingo, 27 de setembro de 2009

FANFIC "ELEVATOR RIDE"

Título: ELEVATOR RIDE


Autora: MiMulder (miz.potter@bol.com.br)


Classificação: H, MA, UST (ou MSR, vai saber...)


Sinopse: uma continuação de "Uma Fic Quase NC17", da Sunny.
Mulder neurótico e dramático... ah, que maravilha... :D


Disclaimer: Fox Mulder e Dana Scully não pertencem a mim, mas ao
Chris Carter e à Fox...


Notas: "Eles apenas subiram à máquina de café!" heheheh...
Gente, feedback e especulações serão bem vindos! ;)
Sun, miga querida, obrigada pela força e apoio, e pela
"Fic Quase nc17", que me faz rir e ficar com pena do pobre do
Mulder toda vez que leio... Ela é uma de minhas preferidas!
Foi muito divertido continuá-la.
Ah, a baratinha da fic é uma homenagem à minha mãe, uma
eterna admiradora desses singelos animaizinhos :D...
Love you, mom!


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ELEVATOR RIDE


QG, dia seguinte, 8:46 AM


Plim.
A porta do elevador se abre. De dentro dele sai um Fox Mulder
aparentando estar um tanto quanto exasperado. Seus passos ecoam
pelo corredor vazio, enquanto ele caminha em direção à sala dos
Arquivos X, no porão. Mãos nos bolsos, cenho franzido. A porta
da sala finalmente está à sua frente. Ela nunca havia parecido
tão fria, tão difícil de transpor. Ele olha o relógio e dá meia
volta. Scully já deveria estar ali dentro. Solta um muxoxo,
revira os olhos e suspira. Aquela mulher era má. Engenhosamente
má.


Queria pegar o elevador de volta ao primeiro andar e apenas
caminhar pra casa. Ou talvez não... Talvez apenas o elevador
fosse o bastante. Lá dentro se sentia seguro. Sentia-se
estranhamente protegido entre aquelas paredes de metal
reluzente... Pelo menos hoje se sentira assim enquanto descia ao
porão suavemente... em câmera lenta... em meio à sua falsa
tranqüilidade. Pensou, sim, em voltar ao elevador e recuperar
aquela tranqüilidade momentânea, enquanto passearia, subindo e
descendo, pelos andares do birô... pensou até mesmo na feliz
possibilidade de o elevador emperrar com ele ali dentro. Sorriu.
Pensamento estúpido...


Depois de mais alguns minutos de reflexão, em que ele mascou
algumas sementes de girassol e esmagou uma barata desavisada que
passava por ali, resolve colocar o ouvido sobre a madeira da
porta e investigar. Ouve um arrastar de cadeira. Scully
certamente estava ali dentro. *Ok, Mulder, entre logo.* Ele
prepara um de seus sorrisos mais bestas e já vai girando a
maçaneta quando a barata moribunda tem a infeliz idéia de se
mexer e tentar fugir, rompendo o fio de paciência e auto
controle que Mulder ainda tentava debilmente manter. O sorriso
mal forjado desaparece e, em meio a um colapso nervoso
instantâneo, ele pisa na barata repetidas vezes, enquanto folhas
caem do arquivo que trazia sob o braço.


_ Morra, bicho maldito, MORRA!_ grita, fora de si, até que a
porta da sala é aberta e Scully sai de lá, assustada.


_ Mulder? Ei, o que está havendo?_ pergunta ela, com os olhos
arregalados, ora olhando para Mulder, ora para a massa amorfa no
chão, que um dia fora uma barata.


Só aí Mulder notou a presença de Scully. Parou imediatamente e
pôs-se a se recompor da catarse. Pigarreou e tentou se explicar,
apontando acusatoriamente para o montinho de hemolinfa, pernas e
antenas que jazia sobre o chão brilhante.


_ Ahn... uma barata! Veja Scully! Eu pensei que já tinha matado.
Mas, Deus! Porque esses bichos teimam em viver depois das
primeiras pisadas? Dizem que mesmo se arrancarmos a cabeça
delas, ainda assim podem viver por um bom tempo! E acabam
morrendo de inanição por não poderem mais se alimentar. Absurdo,
absurdo! Sem mencionar o fato de que elas seriam um dos únicos
seres vivos que sobreviveriam a uma catástrofe nuclear! Nosso
legado estaria entregue, literalmente, às malditas baratas!!


_ Bom, Mulder... se chegarmos um dia a causar uma catástrofe
nuclear que nos elimine da Terra, não restará legado algum além
de nossa estupidez e...


_ Bah, Scully! A gente tem trabalho pra fazer, tá bom?_ disse
Mulder, pegando os papéis que haviam caído no chão.


Ele juntou as folhas desajeitadamente e as entuchou na pasta de
arquivo. Depois entrou bruscamente no escritório, deixando
Scully atônita no corredor. Ela se virou e também entrou,
limitando-se a ficar de pé em frente à mesa dele, com os braços
cruzados, esperando uma explicação pra todo aquele mau humor.
Mulder não disse uma palavra. Com uma mão batia com um lápis na
capa do arquivo. Com a outra esfregava uma das têmporas. Ele
ergueu os olhos de soslaio e a encarou por um instante. *Camisa
de seda. Droga. Quantas camisas dessas ela tem?!* Sacudiu a
cabeça, como que querendo afastar certos pensamentos, e voltou a
bater com o lápis no arquivo, num ritmo quase frenético.


_ Bom dia, Mulder?_ Scully arriscou.


_ Ah, sim... vai começar a cobrar agora? Foi você quem falou
comigo primeiro. Devia ter me desejado 'bom dia', ao invés de
questionar meus atos e filosofar sobre a raça humana.


_ O quê? Você age como um louco por causa de uma simples barata,
balbucia maluquices e sou eu quem ouve desaforos? Mulder, o que
diabos há com você hoje?


*Por causa de uma simples barata... ela deve estar brincando...*


_ Nada, Scully. Nada.


Silêncio.


_ Olha, eu ahn... reli... o arquivo hoje de manhã antes de sair
de casa..._ informou Mulder, tentando controlar a ranzinzice._ e
acho que...


Scully acenou com a mão.


_ Já foi solucionado.


_ O quê?


_ Skinner me pôs a par da situação logo que cheguei hoje. A
quadrilha foi capturada e presa nessa madrugada numa rodovia em
direção ao sudoeste, saindo de Washington em direção à Virgínia.
Haviam sido captados por um radar de estrada meia hora antes, no
Jaguar de um gerente do banco assaltado. Parece que eles não
eram tão discretos assim...


Mulder soltou uma risada sarcástica.


_ Idiotas...


_ E mais, Mulder, não era um Arquivo X.


_ Não?


_ Não.


Ele ficou encarando Scully com um ar de interrogação, até que
ela resolveu falar.


_ Foi encontrado, pouco tempo depois que deixamos o banco, um
pequeno grampo de metal habilidosamente entortado, num canto do
cofre. Devem tê-lo usado para inserir o chip eletrônico que
mencionei na fechadura. Era quase imperceptível... Tanto que os
peritos demoraram a notá-lo.


*Lá vem ela com esse chip de novo. Deus, não permita!*


_ Ha, truque velho... sempre funcionava comigo quando minha mãe
me punha de castigo no quarto..._ interrompeu Mulder, pondo os
pés sobre a mesa, como de costume._ Mas, então... nada de mãos
que mudam de tamanho, hein?


Scully meneou a cabeça, negando.


_ Que pena... Caso encerrado. _declarou Mulder, procurando
terminar logo o assunto e pegando mais algumas sementes de
girassol no bolso.


_ É, Mulder... Parece então que não temos tanto trabalho assim
pra fazer... Quer continuar aquela conversa sobre baratas e suas
implicações na herança que deixaremos aos futuros habitantes ou
eventuais visitantes da Terra?_ perguntou Scully, tentando
quebrar o gelo.


_ Não._ ele retrucou, sem fazer cerimônia.


*Não tenho um cobertor por aqui*


Scully ergueu as sobrancelhas e, vendo que Mulder permaneceu
impassível, suspirou e sentou-se à frente de seu laptop, a fim
de fazer algo mais interessante do que ter que aturá-lo agindo
daquela maneira. Era melhor esperar que ele se acalmasse
sozinho.


Ele, por sua vez, continuava imóvel, apenas mascando suas
sementes... Entregue a seus pensamentos...


*Não é possível... Como é que ela pode estar tão indiferente
assim? Cada vez mais eu me convenço de que essa mulher tem um
sorvete no lugar do coração. É. Ah, pior: um gelado de arroz
integral, que é intragável. Perfeito. Um gelado bem gelado. Ah,
Mulder, como ela deveria agir afinal? Não houve nada... Ei, esse
é o ponto! Não houve absolutamente nada. O que ela está tentando
fazer comigo? Tirar os últimos vestígios de humanidade e
sanidade que me restam? Mulher perversa!*


Mulder apertou os lábios como uma criança contrariada e olhou
Scully com o canto dos olhos. Quase caiu da cadeira com o susto.
Ajeitou-se e olhou para o outro lado, apoiando o rosto na mão e
o cotovelo na mesa.


*Meu Deus! Ela está usando os óculos!! Ai, aquela franja caindo
no rosto... Esse barulho hipnotizante de seus dedos batendo nas
teclas... tec, tec, tec... sem mencionar a camisa de seda, que
já é caso perdido... pelo menos hoje ela teve a bondade de vir
de calças. Hum, e ela fica linda nelas... Estas calças
ligeiramente justas, bem passadas, impecáveis... Mulder, você é
um idiota. Procure algo útil pra fazer.*


Uma hora se passou... Depois outra... sem que Mulder
pronunciasse uma palavra sequer. Tampouco Scully. Ele organizava
alguns arquivos antigos e ela continuava ao computador, buscando
os olhos do parceiro de tempos em tempos. Mas ele não lhe dava
atenção. Ela começou a se perturbar com isso, e também com o
fato de que Mulder estava pondo ordem no escritório, ao invés de
simplesmente atirar lápis no teto. Isso, definitivamente, era
esquisito. Mas não era o que realmente a incomodava. Decidiu ir
direto ao ponto. Mordeu o lábio, olhou para a tela do laptop...
e se virou novamente para o agente.


_ Mulder_ ela se levantou, decidida_ Quer tratar de me explicar
o que está acontecendo? Por que você está me ignorando desde a
hora que chegou?


Mulder não parou. Apenas disse:


_ Não estou te ignorando.


_ Ah, pelo menos nas últimas duas horas, esteve sim.


Ouvindo isso, ele colocou uma caixa de tralhas que acabara de
juntar sobre o chão e escorou o corpo na lateral da mesa.
Perguntou, em tom inquisitório:


_ O que foi aquilo ontem à noite?


_ O quê?


_ Scully, por favor. Eu a encontrei deitada na minha cama! Isso
é normal pra você?


_ Mulder, eu já expliquei... estava cansada, só isso... Como nos
conhecemos há tanto tempo, pensei que não ficaria tão chocado se
eu descansasse um pouco... Aquele colchão d'água é uma delícia!
Por que nunca me diz onde comprou?_ falou ela, sorrindo, com uma
expressão inocente no rosto.


Mulder ficou confuso por uns instantes, pensando de onde viera
aquele bendito colchão d'água... Mas logo caiu em si novamente.


_ Sculeeeee, isso não vem ao caso agora. Tá bom, tudo bem quanto
a você descansar um pouco... mas e todo aquele episódio no sofá?


_ Eu fiz alguma coisa errada?_ perguntou ela, com a mesma
irritante e... encantadora... expressão de inocência.


Mulder arregalou os olhos.


_ Eu achava que não, mas você É uma terrorista! Olha, deixe-me
falar com clareza. Você estava deitada quase em cima de mim e...
que tipo de narração do caso foi aquela?? Só pode ter sido de
propósito! Você estava tentando me matar? Pois arrume um modo
mais prático e rápido.


_ Não estou entendendo... só estava narrando os fatos pra você
e... Assustei? Muuulder, você já está bem crescidinho, tá não?


Os olhos azuis o fitavam docemente.


*Paciência... controle... força, Mulder.... ai, ai, ai, ela
passou um negocinho brilhante na boca... quando foi isso? Hum,
que delícia... que cheiro booom de morango... concentre-se
homem! Diga-lhe umas verdades!*


_ E tem mais! Esses óculos! E... e... essa blusa aí! As saias...
aquelas saias... e... essa coisa úmida na sua boca...


_ O quê, meu gloss? O que tem ele?


_ Parece delicioso..._ Mulder respondeu, com os olhos vidrados,
perdido em meio ao aroma de morango. Scully riu, sem graça.


_ Ahn... mas, Scully!_ disse ele, enérgico, afastando a névoa de
encantamento dos olhos_ Você precisa parar com isso.


_ Parar? Com o quê?_ ela perguntou, agora séria.


_ Com "isso"! De ficar me torturando! Eu... eu não sei se
deveria lhe dizer isso, mas... todos os dias eu venho para o
trabalho tentando olhar para você como apenas minha parceira no
FBI. Mas é sempre difícil... e às vezes fica impossível...
Quando põe esses óculos, deixa o cabelo cair no rosto...


Mulder se aproxima de Scully, colocando vagarosamente as mechas
de cabelo ruivo atrás das orelhas dela. Ela permanece estática.


_ ... Quando você usa isso aqui nos lábios_ Ele aponta o gloss
sobre os lábios dela_ e eu não posso sentir o gosto...


E é a vez de Scully ficar com o olhar vidrado, feito boba...


_ E pior, quando se autoconvida para minha cama e me faz ficar
acordado quase a noite inteira, apenas olhando pra você. E vai
embora na manhã seguinte, antes de eu acordar de minhas míseras
duas horas de sono, me sentindo um lixo.


Scully não encontra palavras para tecer comentário algum, de tão
assombrada que está. Ele, perdido no silêncio e nos olhos azuis
inertes da parceira, a olha com uma cara de cachorrinho
abandonado, que parte o coração dela em milhares de pedacinhos,
e deixa a sala, cabisbaixo.


No corredor, ele encara a barata esmagada no chão.


_ Não reclame. Não estou me sentindo muito melhor que você._ ele
fala, sério.


Ele chama o elevador, não achando mais tão estúpido o pensamento
que tivera no início da manhã. Precisava mesmo daquela tola
'tranqüilidade momentânea'. Queria fugir, mesmo que por um
instante. Apertar o botão que o levaria direto ao último andar e
olhar seu reflexo distorcido no metal das paredes, enquanto o
elevador subisse, subisse... suave... esvaziando sua mente. A
porta dupla finalmente se abre à sua frente e ele já vai
entrando, quando ouve uma voz às suas costas:


_ Mulder...


Ele não se vira. Apenas segura a porta do elevador.


_ Mulder, olhe pra mim... _ Scully pede, em tom de súplica.


Mulder enfim olha pra ela, emburrado.


_ Vai tomar uma ducha fria?_ ela brinca, sorrindo sutilmente.


_ Scully, não brinque assim comigo._ Ele fala, fazendo beicinho.


_ Oooooow, Mulder... beicinho é apelação. É truque sujo!


*Epa, hehehe... ela gosta disso?!*


Mulder arma um beiço maior ainda.


_ Muuuulder... você não presta...


Ele solta um riso breve. Ela se aproxima.


_ Olha, desculpe... desculpe se o fiz sentir-se mal... na
verdade eu não quero que se esforce em me ver apenas como colega
de trabalho. Eu não o vejo assim há muito tempo_ Scully
confessa, sorrindo, com a cabeça baixa. E continua, perante a
face surpresa de Mulder:


_ Você é tantas coisas além de apenas meu parceiro... Às vezes é
meu irmão... Às vezes meu pai, ou meu melhor amigo. Na maior
parte do tempo muito mais que isso. Mas sempre tive receio de
lhe dizer... então fico fazendo esses joguinhos bobos... Bom,
também porque adoro sua carinha de menino carente.


Mulder sorri.


_ E adoro seu sorriso, Mulder... Também adoro seus óculos,
sabia? Adoro como seus olhos brilham diante de um arquivo X...


Scully entra no elevador e espera Mulder entrar.


_ Adoro como você come sementes de girassol o tempo todo...
Adoro sua cara tão expressiva de pânico...


Os dois riem. Mulder completa, encostando o dedo indicador na
ponta do nariz de Scully:


_ E eu adoro você. Cética, irredutível... Com essas sobrancelhas
lá no alto... Mas, principalmente, adoro quando você me
surpreende...


Apenas sorrisos e olhares perdidos um no outro. E a certeza de
que tudo o que sentiam era recíproco. Nada de jogos ou
indiretas, agora havia apenas a verdade. Sua pequena doce
verdade. Mulder quebra o silêncio novamente:


_ Mas, me diga... Aonde estamos indo?


_ A lugar nenhum, Mulder. Lugar nenhum.


Plim.


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