- Não sei o porquê disto, Mulder. O caso não está totalmente concluído. O caminho para descobrir está totalmente traçado. Porém, temos que agir com cuidado para que nosso homem não use de sua habilidade, que sabemos ser grande, para nos enganar e escapar.
- Não seja modesto, Jeffrey. Sua competência foi realmente nos mostrada. Agora, como disse, se não formos mais cautelosos, nosso homem poderá escapar, pois não sabemos quem é. Uma vez que você resolveu eliminar quem poderia nos levar a ele... – Disse Mulder com sua inerente ironia.
Neste momento, Spender levanta-se. Vai dizer algo quando o Canceroso se manifesta.
- O que está feito, está feito. A fonte de eliminação de nossos soldados foi destruída. Quem poderia reproduzi-la também. Seja lá quem for que contava com Brad Clooney para matá-los, não pode contar mais. O senhores se empenhem para concluir este caso. E, Spender, como disse Mulder: Parabéns.
Assim dizendo, passa a mão pelos ombros de Jeffrey e sai.
10 horas da manhã
Mulder está falando ao telefone quando Diana entra.
- Aonde vai, Fox? O que tem a fazer em Boston?
- Há uma coisa pendente a ser feita. Logo estarei aqui.
- Não é o Jeffrey que está encarregado do caso? Não foi isso que disseram?
- Não vou resolver nenhum caso. É apenas algo que tenho que fazer.
Ela está parada diante dele. Ele levanta-se e beija-lhe o rosto e diz:
- Eu não demoro.
16 horas e 23 minutos
Boston
Peace Eternity Cemetery
Mulder está para encostado em uma árvore. Vê ao longe uma cerimônia de funeral. Seu olhar está fixado especificamente em uma pessoa: Scully. Não sabia ao certo o que viera fazer ali. Mas dentro do seu íntimo, algo lhe dizia que tinha que estar naquele lugar. Alguma coisa o atraía para Boston. Não sabia o quê. Durante o passar destes dias, durante este período que passou, muita coisa havia mudado. Esta era a sua vida. Estava casado e amava sua esposa. Descobrira suas atuais convicções e buscas e não somente descobriu mas reconheceu-as como suas. Tudo lhe era familiar, íntimo e natural. Scully tornara-se a senhora Clooney. Chamá-la assim já era tão natural... Ficaria ali, apenas observando.
Acabara a cerimônia. As pessoas já estavam partindo. Mulder parado em seu lugar. Scully e sua filha estão indo em direção ao carro. Mulder, então, caminha em sua direção. Scully não o percebe, até que ele a alcance.
- Senhora Clooney! – Chama-lhe.
Ela volta o olhar para ele. .Neste momento, Mulder parece que toma um choque. Ao olhar aquele rosto, foi como se uma corrente elétrica o atravessasse. E sentimentos vários lhe tomaram conta. Viu naquele rosto,uma imensa tristeza e dor. Como em outro momento, seu desejo maior era abraçá-la. Seu coração pulsava aceleradamente. Falou com ternura:
- Senhora Clooney, eu... eu... não sei o que dizer. Gostaria de que não estivesse passando por tanto sofrimento. Se eu pudesse ajudá-la...
Ela o olha por um instante, baixa o olhar, depois lhe diz:
- Sabe quem fez isso? Sabe quem é o responsável? Se quer me ajudar, encontre quem matou meu marido.
- Eu quero que saiba que farei o possível para que a justiça seja feita. Sei que é o que a senhora quer.
- Eu quero a verdade, senhor Mulder. É só isto.
Ele faz uma expressão de que compreendia, e abaixa a cabeça com ar triste. Pergunta se pode acompanhá-la até sua casa. Ela recusa e, depois de sua insistência, acaba cedendo. Dispensa o motorista que as estava esperando.
Durante o percurso não conversaram. Ele não sabia o que falar. E ela não dava nenhuma abertura para o diálogo.
Chegaram, e, Scully e sua filha saíram do carro. Mulder também.
- Eu sinto realmente pelo que aconteceu.
Ela não disse nada. Demonstrava cansaço, enfado e indisposição para conversar. Mulder, instintivamente, pega sua mão. Ela surpreende-se, mas não recusa seu toque. Ele a olha sem emitir uma frase. Mas podia ser visto em seu rosto e neste gesto, a vontade de confortá-la, de dissipar sua dor.
E com este aperto de mão pareceu transferir-se para Mulder a dor que ela estava sentindo. Vê-la daquela forma germinou nele sentimentos por ela que pareciam há muito tempo haviam adormecidos. Não queria deixá-la. Nenhum dos dois se movia, até que Lilian a chama.
- Tenho que ir. – diz Scully, sem lhe soltar a mão.
Ele quer adiar a despedida. No entanto, não lhe é mais possível.
- Qualquer coisa que queira, qualquer problema, me comunique.
- Tudo bem. Agora tenho que entrar. Minha filha precisa de mim.
Mulder a espera entrar. Depois de alguns minutos em pé olhando ainda para casa de Scully, vai embora.
22 horas e 33 minutos.
Washington
Casa de Mulder e Diana
Mulder chega em casa; senta-se no sofá no escuro. Não iria subir porque não queria acordar Diana e fica por ali mesmo. Além do mais, não queria conversar. Olha ao seu redor. “Esta é a minha casa? Esta é a minha vida?”, pensou. Dentro de si havia um conflituoso estado de espírito. Aqueles momentos com Scully, fizeram acender dentro dele um desejo que os dias que se passaram haviam apagado. Desejava voltar. Mulder durante aqueles oito dias assimilou os novos rumos que sua vida tomara. E não só isso acontecera. Não somente assimilou sua nova vida, mas, apropriou-se dela. No entanto, ao rever Scully desta última vez, sentiu que não queria, não podia esquecê-la. Aquela mulher era parte das lembranças, parte da vida que estava deixando para trás, que estava deixando escapar. Não iria acontecer. Haveria uma maneira de voltar.
Queria sua vida de volta. Queria Scully de volta. Amanhã de manhã falaria novamente com o senhor Moonwalker. Ele teria que ajudá-lo de alguma forma.
Enquanto Mulder refletia, de repente uma voz o chama:
- Fox, meu amor, não vem deitar? Vai dormir no sofá de novo?
É Diana no alto da escada. Mulder a olha e responde:
- Estou indo daqui a pouco.
Diana volta para o quarto. Ele permanece sentado. Põe as mãos entre a cabeça. Não consegue sair de seu estado de angústia.
Deitou-se no sofá e pensou: “Será que haveria uma solução, uma saída? Teria que haver. Sim, teria que haver.”
Seus olhos miram o teto da sala, mas estavam distantes dali. Não só os olhos, mas sua mente, seu coração. O que ele podia concluir daquilo tudo? As escolhas que ele e Scully fizeram os separavam fisicamente, emocionalmente. Mas de alguma forma acabaram se encontrando. Ela agora tinha uma família, uma filha. Melissa também, provavelmente, estaria viva. Parecia ter uma vida tranqüila. De uma maneira ou de outra seus caminhos sempre iriam se cruzar? E de qualquer forma ele sempre a faria sofrer? “Mas não fui eu quem matou Brad”, pensou. “Ele foi quem fizera suas próprias escolhas. Não eu”. Não provocara a dor em Scully. Porém, queria tirá-la dela. .A dor de Scully, com o passar do tempo, seria amenizada. Mas... Mas... Não era só isso. Não era somente o seu sofrimento que o incomodava. Por um momento uma rejeição a este novo estado em que se encontrava, começou a brotar. A idéia de nunca mais vê-la ou estar a seu lado começava o incomodar. No instante em que pegara sua mão, sentiu um querer, um desejo e uma vontade de nunca mais a deixar. Não só porque ela sofria ou porque queria dissipar seu sofrimento, mas porque a amava. Naquele momento, em que a tocara, este sentimento, amor, que parecia ter ido embora com os dias que se passaram, reacendeu e fez arder em seu peito a chama que em algum momento começou a se apagar. Não deixaria morrer este amor que era só dele. Não ia perdê-la. Amanhã resolveria isto. Queria voltar para casa, queria voltar para sua antiga vida. Sim, queria voltar para Scully.
24 de janeiro de 2003
08 horas e 35 minutos.
Mulder acabou por dormir no sofá.
- Fox, dormiu aí por quê? Está fugindo de mim? É melhor levantar pois temos muito o que fazer. Mulder, Mulder, levante!!!
Mulder não sabe se deve continuar dormindo. Espera alguns minutos, então vira-se devagar. A voz que ouvia parecia distante, longínqua.
- O sofá estava tão melhor assim do que a cama? - Perguntou ela.
Ele abre os olhos. Seu coração acelera. Fica imóvel por um minuto. Scully, sentada na mesa de centro, olhava para ele esperando uma resposta.
Mulder senta-se. Também olha para ela. Num gesto calmo e delicado, puxa-a para si e, abraçando-a, dá-lhe um longo e apaixonado beijo. Ela apesar de não saber o motivo de tão repentino gesto, retribui-lhe da mesma forma e intensidade. Quando, enfim, seus lábios se separam, ela diz:
-Bem, se for para toda manhã você acordar disposto assim, não é tão má idéia você dormir no sofá.
Ele ri e a beija novamente. E continua a olhá-la.
- O que foi? – Pergunta ela.
- Gosto de olhar para você. - Disse ele rindo e abraçando-a.
Ele queria ter certeza de que aquilo era real. Queria tocá-la, senti-la. Talvez estivesse devaneando, imaginando, ou qualquer coisa parecida. Não tinha mais convicção do que era realidade ou imaginação. Precisava sentir. Ao envolver Scully em seus braços pôde crer que sua vida estava de volta; Scully estava de volta.
Scully não compreendia o motivo de tanto carinho repentino. Eles atualmente passaram a demonstrar afeto, amor um pelo outro, físico e verbal. Beijos e abraços, agora, eram atos comuns entre os dois. Porém, aquele ímpeto romântico de Mulder a deixou inquieta. Ela se afasta.
- Está tudo bem? - Perguntou Scully.
- Se eu lhe contar não vai acreditar.
- Por que você não tenta? - Ela responde.
- Bem, eu tive um sonho muito estranho, tão estranho que parecia que estava acontecendo mesmo. Sonhei que você e eu não nos conhecíamos. Aliás, eu conhecia você, porém você não me conhecia. Você era médica e casada; eu trabalhava no FBI ainda, e era Diretor Assistente. – falou isso dando um risinho – Foi um sonho bem maluco, ou um pesadelo, porque eu iria viver aquela vida e nunca mais poderia estar com você como estou agora. Nossas vidas teriam um abismo muito grande e, talvez, nem sequer nos falaríamos mais.
Novamente ele a chega para perto de si. Acaricia seu rosto, olha em seus olhos e diz:
-Ainda bem que foi tudo um sonho.
Scully esboça um sorriso e o beija levemente respondendo:
- Haja o que houver, aconteça o que acontecer, Mulder, eu vou estar sempre perto de você. E pelo que eu pude entender do que me contou, mesmo em seus sonhos eu estaria lá. Quer você queira, quer não, acho que não há como você escapar de mim. – Disse ela sorrindo.
Ele concorda retribuindo com outro sorriso e outro beijo.
-Bom, a conversa está muito boa, mas nós temos muito o que fazer, senhor Mulder. Nós estamos atrasados. Marcamos às nove horas com o senhor Brad Clooney, você lembra? Temos que correr.
Ao ouvir Scully mencionar o nome de Brad, Mulder dá um salto do sofá.
- Quem nos espera? – Pergunta ele.
- Como assim? Mulder, o que há com você?
- Você disse Brad Clooney? Ele está vivo?
- E por que não deveria estar?
Mulder demonstra embaraço. Ele, neste instante, olha à sua volta. Nota que o lugar em que ele está não é o mesmo quarto do Kiss Motel. Olha para Scully.
- Que dia é hoje?
- Como que dia é hoje?
- Que dia é hoje, Scully?
- Hoje é dia vinte e quatro janeiro? Quer saber o ano também?
- Que lugar é este? Onde estamos? Por favor, só me diga isso.
Ela olha para ele sem saber se responde ou não. Mulder às vezes é meio estranho. Ela estava acostumada. Mas isto... Ela não responde.
- Preciso saber onde estamos. Só isso.
Um tanto contrafeita, ela lhe diz:
- Estamos em Boston. Quer saber o nome da cidade, da rua, o número do apartamento? Por favor, me diga o que está havendo.
Ele olha pela janela. Volta-se para ela, vê suas roupas jogadas na cadeira e as pega. Scully apenas o observa. Num momento de confusão e ansiedade ele acha o que suspeitava encontrar ali. O tubo com a substância que Scully lhe havia dado e a lista com nomes dos super-soldados. Ele cai sentado no sofá. Seu olhar está cheio de questionamento, de perguntas, de dúvidas. E diz:
- Não é possível!!! Não há possibilidade de isto estar acontecendo. Ou há ?
A pergunta de Mulder fica no ar. Scully não saberia responder. Ela tinha tantas perguntas quanto ele. Mulder permanece sentado olhando para o tubo que está em suas mãos. O que estava acontecendo? O que vivia, agora, era um sonho ou realidade? O que passara terá sido
realmente imaginação? E se não foi? Ele acabou modificando sua vida?
Scully, por fim, lhe pergunta:
- Mulder, fale comigo. Em que está pensando?
- Estou pensando em possibilidades, Scully, apenas possibilidades...
Links: Possibilidades Parte 1
Parte 2
Parte 3
Parte 4
Parte 5
Parte 6
- Não seja modesto, Jeffrey. Sua competência foi realmente nos mostrada. Agora, como disse, se não formos mais cautelosos, nosso homem poderá escapar, pois não sabemos quem é. Uma vez que você resolveu eliminar quem poderia nos levar a ele... – Disse Mulder com sua inerente ironia.
Neste momento, Spender levanta-se. Vai dizer algo quando o Canceroso se manifesta.
- O que está feito, está feito. A fonte de eliminação de nossos soldados foi destruída. Quem poderia reproduzi-la também. Seja lá quem for que contava com Brad Clooney para matá-los, não pode contar mais. O senhores se empenhem para concluir este caso. E, Spender, como disse Mulder: Parabéns.
Assim dizendo, passa a mão pelos ombros de Jeffrey e sai.
10 horas da manhã
Mulder está falando ao telefone quando Diana entra.
- Aonde vai, Fox? O que tem a fazer em Boston?
- Há uma coisa pendente a ser feita. Logo estarei aqui.
- Não é o Jeffrey que está encarregado do caso? Não foi isso que disseram?
- Não vou resolver nenhum caso. É apenas algo que tenho que fazer.
Ela está parada diante dele. Ele levanta-se e beija-lhe o rosto e diz:
- Eu não demoro.
16 horas e 23 minutos
Boston
Peace Eternity Cemetery
Mulder está para encostado em uma árvore. Vê ao longe uma cerimônia de funeral. Seu olhar está fixado especificamente em uma pessoa: Scully. Não sabia ao certo o que viera fazer ali. Mas dentro do seu íntimo, algo lhe dizia que tinha que estar naquele lugar. Alguma coisa o atraía para Boston. Não sabia o quê. Durante o passar destes dias, durante este período que passou, muita coisa havia mudado. Esta era a sua vida. Estava casado e amava sua esposa. Descobrira suas atuais convicções e buscas e não somente descobriu mas reconheceu-as como suas. Tudo lhe era familiar, íntimo e natural. Scully tornara-se a senhora Clooney. Chamá-la assim já era tão natural... Ficaria ali, apenas observando.
Acabara a cerimônia. As pessoas já estavam partindo. Mulder parado em seu lugar. Scully e sua filha estão indo em direção ao carro. Mulder, então, caminha em sua direção. Scully não o percebe, até que ele a alcance.
- Senhora Clooney! – Chama-lhe.
Ela volta o olhar para ele. .Neste momento, Mulder parece que toma um choque. Ao olhar aquele rosto, foi como se uma corrente elétrica o atravessasse. E sentimentos vários lhe tomaram conta. Viu naquele rosto,uma imensa tristeza e dor. Como em outro momento, seu desejo maior era abraçá-la. Seu coração pulsava aceleradamente. Falou com ternura:
- Senhora Clooney, eu... eu... não sei o que dizer. Gostaria de que não estivesse passando por tanto sofrimento. Se eu pudesse ajudá-la...
Ela o olha por um instante, baixa o olhar, depois lhe diz:
- Sabe quem fez isso? Sabe quem é o responsável? Se quer me ajudar, encontre quem matou meu marido.
- Eu quero que saiba que farei o possível para que a justiça seja feita. Sei que é o que a senhora quer.
- Eu quero a verdade, senhor Mulder. É só isto.
Ele faz uma expressão de que compreendia, e abaixa a cabeça com ar triste. Pergunta se pode acompanhá-la até sua casa. Ela recusa e, depois de sua insistência, acaba cedendo. Dispensa o motorista que as estava esperando.
Durante o percurso não conversaram. Ele não sabia o que falar. E ela não dava nenhuma abertura para o diálogo.
Chegaram, e, Scully e sua filha saíram do carro. Mulder também.
- Eu sinto realmente pelo que aconteceu.
Ela não disse nada. Demonstrava cansaço, enfado e indisposição para conversar. Mulder, instintivamente, pega sua mão. Ela surpreende-se, mas não recusa seu toque. Ele a olha sem emitir uma frase. Mas podia ser visto em seu rosto e neste gesto, a vontade de confortá-la, de dissipar sua dor.
E com este aperto de mão pareceu transferir-se para Mulder a dor que ela estava sentindo. Vê-la daquela forma germinou nele sentimentos por ela que pareciam há muito tempo haviam adormecidos. Não queria deixá-la. Nenhum dos dois se movia, até que Lilian a chama.
- Tenho que ir. – diz Scully, sem lhe soltar a mão.
Ele quer adiar a despedida. No entanto, não lhe é mais possível.
- Qualquer coisa que queira, qualquer problema, me comunique.
- Tudo bem. Agora tenho que entrar. Minha filha precisa de mim.
Mulder a espera entrar. Depois de alguns minutos em pé olhando ainda para casa de Scully, vai embora.
22 horas e 33 minutos.
Washington
Casa de Mulder e Diana
Mulder chega em casa; senta-se no sofá no escuro. Não iria subir porque não queria acordar Diana e fica por ali mesmo. Além do mais, não queria conversar. Olha ao seu redor. “Esta é a minha casa? Esta é a minha vida?”, pensou. Dentro de si havia um conflituoso estado de espírito. Aqueles momentos com Scully, fizeram acender dentro dele um desejo que os dias que se passaram haviam apagado. Desejava voltar. Mulder durante aqueles oito dias assimilou os novos rumos que sua vida tomara. E não só isso acontecera. Não somente assimilou sua nova vida, mas, apropriou-se dela. No entanto, ao rever Scully desta última vez, sentiu que não queria, não podia esquecê-la. Aquela mulher era parte das lembranças, parte da vida que estava deixando para trás, que estava deixando escapar. Não iria acontecer. Haveria uma maneira de voltar.
Queria sua vida de volta. Queria Scully de volta. Amanhã de manhã falaria novamente com o senhor Moonwalker. Ele teria que ajudá-lo de alguma forma.
Enquanto Mulder refletia, de repente uma voz o chama:
- Fox, meu amor, não vem deitar? Vai dormir no sofá de novo?
É Diana no alto da escada. Mulder a olha e responde:
- Estou indo daqui a pouco.
Diana volta para o quarto. Ele permanece sentado. Põe as mãos entre a cabeça. Não consegue sair de seu estado de angústia.
Deitou-se no sofá e pensou: “Será que haveria uma solução, uma saída? Teria que haver. Sim, teria que haver.”
Seus olhos miram o teto da sala, mas estavam distantes dali. Não só os olhos, mas sua mente, seu coração. O que ele podia concluir daquilo tudo? As escolhas que ele e Scully fizeram os separavam fisicamente, emocionalmente. Mas de alguma forma acabaram se encontrando. Ela agora tinha uma família, uma filha. Melissa também, provavelmente, estaria viva. Parecia ter uma vida tranqüila. De uma maneira ou de outra seus caminhos sempre iriam se cruzar? E de qualquer forma ele sempre a faria sofrer? “Mas não fui eu quem matou Brad”, pensou. “Ele foi quem fizera suas próprias escolhas. Não eu”. Não provocara a dor em Scully. Porém, queria tirá-la dela. .A dor de Scully, com o passar do tempo, seria amenizada. Mas... Mas... Não era só isso. Não era somente o seu sofrimento que o incomodava. Por um momento uma rejeição a este novo estado em que se encontrava, começou a brotar. A idéia de nunca mais vê-la ou estar a seu lado começava o incomodar. No instante em que pegara sua mão, sentiu um querer, um desejo e uma vontade de nunca mais a deixar. Não só porque ela sofria ou porque queria dissipar seu sofrimento, mas porque a amava. Naquele momento, em que a tocara, este sentimento, amor, que parecia ter ido embora com os dias que se passaram, reacendeu e fez arder em seu peito a chama que em algum momento começou a se apagar. Não deixaria morrer este amor que era só dele. Não ia perdê-la. Amanhã resolveria isto. Queria voltar para casa, queria voltar para sua antiga vida. Sim, queria voltar para Scully.
24 de janeiro de 2003
08 horas e 35 minutos.
Mulder acabou por dormir no sofá.
- Fox, dormiu aí por quê? Está fugindo de mim? É melhor levantar pois temos muito o que fazer. Mulder, Mulder, levante!!!
Mulder não sabe se deve continuar dormindo. Espera alguns minutos, então vira-se devagar. A voz que ouvia parecia distante, longínqua.
- O sofá estava tão melhor assim do que a cama? - Perguntou ela.
Ele abre os olhos. Seu coração acelera. Fica imóvel por um minuto. Scully, sentada na mesa de centro, olhava para ele esperando uma resposta.
Mulder senta-se. Também olha para ela. Num gesto calmo e delicado, puxa-a para si e, abraçando-a, dá-lhe um longo e apaixonado beijo. Ela apesar de não saber o motivo de tão repentino gesto, retribui-lhe da mesma forma e intensidade. Quando, enfim, seus lábios se separam, ela diz:
-Bem, se for para toda manhã você acordar disposto assim, não é tão má idéia você dormir no sofá.
Ele ri e a beija novamente. E continua a olhá-la.
- O que foi? – Pergunta ela.
- Gosto de olhar para você. - Disse ele rindo e abraçando-a.
Ele queria ter certeza de que aquilo era real. Queria tocá-la, senti-la. Talvez estivesse devaneando, imaginando, ou qualquer coisa parecida. Não tinha mais convicção do que era realidade ou imaginação. Precisava sentir. Ao envolver Scully em seus braços pôde crer que sua vida estava de volta; Scully estava de volta.
Scully não compreendia o motivo de tanto carinho repentino. Eles atualmente passaram a demonstrar afeto, amor um pelo outro, físico e verbal. Beijos e abraços, agora, eram atos comuns entre os dois. Porém, aquele ímpeto romântico de Mulder a deixou inquieta. Ela se afasta.
- Está tudo bem? - Perguntou Scully.
- Se eu lhe contar não vai acreditar.
- Por que você não tenta? - Ela responde.
- Bem, eu tive um sonho muito estranho, tão estranho que parecia que estava acontecendo mesmo. Sonhei que você e eu não nos conhecíamos. Aliás, eu conhecia você, porém você não me conhecia. Você era médica e casada; eu trabalhava no FBI ainda, e era Diretor Assistente. – falou isso dando um risinho – Foi um sonho bem maluco, ou um pesadelo, porque eu iria viver aquela vida e nunca mais poderia estar com você como estou agora. Nossas vidas teriam um abismo muito grande e, talvez, nem sequer nos falaríamos mais.
Novamente ele a chega para perto de si. Acaricia seu rosto, olha em seus olhos e diz:
-Ainda bem que foi tudo um sonho.
Scully esboça um sorriso e o beija levemente respondendo:
- Haja o que houver, aconteça o que acontecer, Mulder, eu vou estar sempre perto de você. E pelo que eu pude entender do que me contou, mesmo em seus sonhos eu estaria lá. Quer você queira, quer não, acho que não há como você escapar de mim. – Disse ela sorrindo.
Ele concorda retribuindo com outro sorriso e outro beijo.
-Bom, a conversa está muito boa, mas nós temos muito o que fazer, senhor Mulder. Nós estamos atrasados. Marcamos às nove horas com o senhor Brad Clooney, você lembra? Temos que correr.
Ao ouvir Scully mencionar o nome de Brad, Mulder dá um salto do sofá.
- Quem nos espera? – Pergunta ele.
- Como assim? Mulder, o que há com você?
- Você disse Brad Clooney? Ele está vivo?
- E por que não deveria estar?
Mulder demonstra embaraço. Ele, neste instante, olha à sua volta. Nota que o lugar em que ele está não é o mesmo quarto do Kiss Motel. Olha para Scully.
- Que dia é hoje?
- Como que dia é hoje?
- Que dia é hoje, Scully?
- Hoje é dia vinte e quatro janeiro? Quer saber o ano também?
- Que lugar é este? Onde estamos? Por favor, só me diga isso.
Ela olha para ele sem saber se responde ou não. Mulder às vezes é meio estranho. Ela estava acostumada. Mas isto... Ela não responde.
- Preciso saber onde estamos. Só isso.
Um tanto contrafeita, ela lhe diz:
- Estamos em Boston. Quer saber o nome da cidade, da rua, o número do apartamento? Por favor, me diga o que está havendo.
Ele olha pela janela. Volta-se para ela, vê suas roupas jogadas na cadeira e as pega. Scully apenas o observa. Num momento de confusão e ansiedade ele acha o que suspeitava encontrar ali. O tubo com a substância que Scully lhe havia dado e a lista com nomes dos super-soldados. Ele cai sentado no sofá. Seu olhar está cheio de questionamento, de perguntas, de dúvidas. E diz:
- Não é possível!!! Não há possibilidade de isto estar acontecendo. Ou há ?
A pergunta de Mulder fica no ar. Scully não saberia responder. Ela tinha tantas perguntas quanto ele. Mulder permanece sentado olhando para o tubo que está em suas mãos. O que estava acontecendo? O que vivia, agora, era um sonho ou realidade? O que passara terá sido
realmente imaginação? E se não foi? Ele acabou modificando sua vida?
Scully, por fim, lhe pergunta:
- Mulder, fale comigo. Em que está pensando?
- Estou pensando em possibilidades, Scully, apenas possibilidades...
Links: Possibilidades Parte 1
Parte 2
Parte 3
Parte 4
Parte 5
Parte 6
Nenhum comentário:
Postar um comentário