Título: Possibilidades
Autora: Klédina Gonçalves (Kekeda Scully)
E-mail: kledina@yahoo.com.br
Classificação: Livre
Sinopse: Scully havia perguntado a Mulder, em “ All Things”, se suas escolhas fossem diferentes aonde elas os levariam. Agora ele tem a chance de saber.
Disclaimer: Alguns personagens que aparecem nesta história são propriedade de Chris Carter, Ten Thirteen Productions e da Fox. Não há objetivos de obter lucros ou violar direitos autorais.
Nota: Dedico esta fic a todos aqueles que amam Ax, todos os shippers (apesar de achar que em algum momento da história possam me odiar), e àqueles que me incentivaram a tomar coragem (ou vergonha) para escrever. Valeu Thais!!!!!
Possibilidades
16 de janeiro de 2003
10 horas da manhã.
Local: Val Paradise
Mulder entra em um supermercado. Está comprando mantimentos. Anda, entre as prateleiras, pensativo. Não está muito habituado com esta vida de forasteiro. A verdade é que está preocupado com Scully. Viver a vida escondidos, fugindo é o que fariam a partir de agora. E apesar de Scully ter demonstrado certeza e convicção em seguir por este caminho, isto o afligia.
Mulder caminha para o caixa. De repente, uma viatura policial para em frente ao local. Ele fica apreensivo. Os policiais não saem do carro, mas ficam olhando em sua direção. Ele também não consegue parar de olhar para a viatura.
- São vinte dólares, senhor. – diz a moça do caixa.
Mulder parece paralisado e surdo.
- São vinte dólares, senhor – repete a moça.
- Hã? O quê? Me desculpe. Eu não ouvi. – responde ele – Vinte dólares? Aqui está.
Tentando disfarçar, sai do supermercado andando tranquilamente. O carro continua parado. Mulder, sutilmente, olha para trás. A viatura começa a andar em sua direção. Ele apressa os passos. Mais, mais e mais. Na primeira esquina, que vê, dobra-a já correndo. Entra em um beco em disparada e nem sequer olha se há alguém o perseguindo.
Encontra um local que parece estar abandonado, mas está fechado.Tenta arrombar as portas, porém não consegue. Por fim, resolve se esconder entre as várias caixas de papelão que ali estão. Não era um excelente esconderijo, mas...
Ficou ali durante duas horas. Até que decidiu sair.
13 horas e 20 minutos
Apartamento de Scully e Mulder.
Mulder entra. Scully vem em sua direção.
- Onde esteve, Mulder? Por que demorou tanto? O que houve? Está todo sujo!!!!
Mulder entra sem dizer palavra. Senta no sofá e não diz nada.
- Fox, estou falando com você. Aliás, você não tinha ido fazer compras?! Onde estão elas?
- Eu fiquei olhando a cidade. Afinal de contas, somos novos por aqui. E, é bom conhecer o lugar onde se mora. Acho que me distraí demais e acabei esquecendo. “Estou mentindo. Por que será que estou mentindo?” - pensou.
- E andar pela cidade o deixou todo sujo assim... Será que a poluição do ar está tão grande que impregnou em você ou há algo mais a dizer?
- Não, o ar daqui é maravilhoso. A cidade é maravilhosa. Mas... Você já notou que não há nenhum campo de beiseball por aqui? Acho que não vou poder viver num lugar em que não possa assistir a um joguinho uma vez ou outra. Além do mais , há algo me dizendo que não devemos ficar aqui.
Scully olha para ele e diz meio indignada:
- Mulder, você está me gozando? O que quer dizer com isso? Chegamos aqui há dois dias e, você quer dizer que vai embora só porque não pode ver beiseball?
- É, você não acha uma boa razão? Isso é porque não gosta como eu. Não sabe o que é a emoção causada por este jogo. E como eu disse, pressinto que este lugar vai nos trazer problemas. Nós vamos embora. Amanhã mesmo estaremos partindo. Agora tenho que tomar um banho. A não ser que você esteja gostando deste meu cheirinho... – Disse entrando no banheiro. Não dando tempo para Scully se manifestar.
Scully permaneceu parada ali na sala. Com várias interrogações na cabeça. Não estava entendo a posição sem cabimento e unilateral de Mulder. Alguma coisa havia acontecido. E Ele não estava querendo lhe contar.
Mulder deixa a água cair em seu corpo. Está imóvel, pensativo. Não era a primeira vez que algo assim lhe acontecia. Não era primeira vez que fugia, feito um louco achando que a polícia o estava seguindo. E, novamente, mentira para Scully. Mentira antes para não preocupá-la.
Mentira agora porque... porque não sabia lhe dizer que não se sentia seguro ali, e queria adiar a terrível sensação de medo e insegurança e intranquilidade em suas vidas. Apesar de Scully ter-lhe dito que suportaria tudo ao seu lado, não queria vê-la desgastada, angustiada mais do que já estava.
17 de janeio de 2003
06 horas da manhã
Scully já estava em pé. Não havia dormido naquela noite. A verdade é que nenhum dos dois conseguiu dormir. Mas, também, não tocaram mais no assunto, ou em qualquer outro. Mulder saiu. Foi resolver a situação com o dono do apartamento.
- Tem certeza que deseja ir, senhor Reeve? Mal teve tempo de conhecer nossa cidade.
- Eu até que gostaria de ficar, mas, minha esposa não gostou mesmo. O senhor sabe como são as mulheres. Quando elas querem ou não querem algo... – Falou Mulder com seu sorrisinho irônico.
- Então, boa viagem, senhor Reeve. Espero que volte, pelo menos para nos visitar.
- Até mais, senhor Abdul.
10 horas da manhã
Mulder e Scully estão saindo da cidade. No carro, nenhuma palavra.
Scully parece estar fazendo pirraça pela decisão dele. E ele não queria dar motivo para mais perguntas. Quando estavam quase saindo da cidade um carro de polícia passou por eles.
Já haviam notado um movimento maior de viaturas anteriormente, outro motivo para que Mulder não conversassem. Mais a frente, um policial pede que eles parem. Eles se entreolham indagativos. Param o carro no acostamento.
- Os documentos, por favor. – Pediu o policial.
Os documentos apresentados.
- Senhor Richard Reeve e senhora Linda Reeve. Muito bem, a lanterna traseira está quebrada. Aqui está a multa.
- Obrigada. Iremos consertá-la. - Disse Mulder aliviado. Tão aliviado que resolveu arriscar:
- Por que este movimento todo?
- O senhor não vê os noticiários? Ontem roubaram um banco por aqui e há um assaltante que não conseguimos prender.
- Ah! Boa sorte, então.
16 horas 20 minutos
Mulder e Scully continuam na estrada. Mulder mais tranqüilo pergunta:
- Quer que eu dirija? Você parece cansada. Além disso, já cometeu algumas barbeiragens.
- Sabe aquele ditado “Mulher no volante...” – Scully não o deixa terminar.
- Não Mulder. Estou bem. E barbeiro por barbeiro, prefiro a mim.
- Tudo bem. Não quero ferir sua autoconfiança. . – o sorriso irônico habitual - Além do mais, sou um marido que dá valor, encorajamento e força a minha esposa.
Scully olhou para ele com olhos arregalados. “Esposa?” – Pensou ela.
- O que foi? Perguntou ele?
- Nada.
- Vamos parar no primeiro motel que encontrarmos. – Disse Mulder - Estou com fome. Muita fome. Olhou para ela insinuando um olhar 43.
- Eu também Mulder. Quero uma pizza enorme. – Fingindo não entender a gracinha dele.
18 horas
Kiss Motel
A primeira coisa que Scully faz, ao entrar, é ir tomar um banho. – Grita lá de dentro: “Fox não esqueça minha pizza enorme”- Mulder é obrigado a deixar suas más intenções para depois e pedir uma pizza.
23 horas
Mulder olha o relógio. Scully está dormindo. Levanta-se. Olha pela janela. Olha para Scully. Sente-se indignado consigo mesmo. Está pensativo. “Não devia ter mentido para ela. Lógico que ela não engoliu aquela história toda. Ir embora por que não havia estádio de beiseball... Ela não é tola ou criança. Sabe que o motivo é outro. Ainda assim não tive coragem de expor minhas angústias como em outras vezes. Ela é minha melhor amiga, amante, companheira. Já agüentou tanto por mim, por nós... Não quero sobrecarregá-la ainda mais com minhas neuroses”
Volta para a cama. Fica olhando para Scully. Passa a mão sobre o seu rosto e a beija suavemente. Permanece olhando-a. “E se tivesse sido diferente? Ah Scully! Um dia você me perguntou se nossas escolhas fossem diferentes, como seria. É o que eu pergunto agora. E se pudéssemos voltar no tempo e fazer outras escolhas? Se não fizéssemos as mesmas? Se pudéssemos mudar tudo, será que terminaríamos aqui? Estaremos nesta mesma situação? Eu escolheria que você fosse feliz. Escolheria a nossa felicidade e a das pessoas que amamos. Gostaria que não tivesse sofrido tanto, não tivesse perdido a Emily, o Willian, a Melissa... Ah meu amor...”
Pensando assim, acabou dormindo.
18 de janeiro
08horas e 24 minutos
Mulder ainda está dormindo. Apesar das inquietações, parecia que tinha dormido bem.
- Fox, Fox, meu amor, acorda. Puxa vida! O que deu em você que dormiu tanto?
Mulder meio tonto, sonolento. Continuou deitado colocou o travesseiro em cima da cabeça e tentou continuar dormindo, pois havia deitado quase às duas da manhã.
- Fox, por favor, meu bem. Você já está atrasado.
Mulder, de repente, tira o travesseiro de cima de si. Abre os olhos. E quase dá um salto da cama. Parecia que estava vendo um fantasma.
- Meu amor, levante-se. Skinner está lhe esperando há tempos. – Disse Diana Fowley dando-lhe um beijo.
CONTINUA...